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O título da obra de Paulo Lionetti que ilustra este post, “Reflexões”, é muito apropriado para o momento contemporâneo. A necessidade imperiosa de ficar em casa para não deixar crescer a curva de casos da pandemia, principalmente em alguns dos principais centros do Brasil, está progressivamente levando a um processo de profundo pensar sobre nosso cotidiano.
Por meio da colagem, o artista compõe uma figura em que duas faces, morte e vida se encontram. Trata-se de uma obra em que tem em um de seus eixos a ideia central de que toda escolha que hoje é feita parece ter respostas imediatas. Antes da pandemia, pensava-se que um colapso global poderia vir em um momento futuro, distante, sem data.
O instante, porém, infelizmente, chegou de maneira galopante e inesperada. Houve um alastramento pelo mundo de doentes e mortos e, enquanto alguns ainda pensavam que a doença era uma ficção distante, ela estava batendo em nossa porta – e entrando sem pedir permissão ou fazer cerimônia.
A técnica da colagem, utilizada por Paulo Lionetti, é apropriada para esse tipo de situação, pois, ao se valer da justaposição de elementos, traz, em si mesma, o conceito de que para toda ação há uma reação subsequente; e que cada decisão da composição da obra impacta a que vem na sequência, em uma densa analogia com o presente e o futuro da humanidade.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
